O Extravasamento


(continuação do post anterior)

Atão vamos lá (este "atão" já me granjeou algumas amizades e já me fechou algumas portas de tias e tios mais pomposos vá-se lá saber porquê)


continuemos...


Ia eu quase a explodir por falar com alguém e portanto com a mira dos meus colegas (acho que nunca andei tão depressa para chegar ao trabalho) quando um desconhecido ao meu lado direito dá em correr para, suponho eu, apanhar o sinal verde e passar a estrada para o outro lado (como as galinhas).

MAS quando ele abala a correr o seu podi cai no chão. O aparelho em si fica em peças separadas na calçada e... agarrados às suas orelhas másculas (digo eu que são másculas porque nem sequer olhei para aquela parte externa do órgão chamado ouvido mas suponho que deviam ter pêlos daí o másculas) ficam apenas os fones.

Ele apanha os pedaços do chão mas não vê um deles e eu como uma cidadã consciente e desertinha para dizer tudo o que fosse acerca do assunto emiti um:
- HEYYYY! - apanhei-lhe a peça e entreguei-lha ao som de um - Obrigado!

Ele, já não correu mais porque enquanto andava tentava encaixar as peças soltas e eu apanhei-o no tal sinal que, naquela altura, já estava vermelho. Observando a sua técnica de encaixe...isto porque fiquei ombro no ombro...resolvi atirar com o seguinte palreio (ele também estava a pedi-las):

- Quer que eu lhe encaixe isso?
- Não obrigado! Está quase!
- Mas olhe que eu sou boa a encaixar peças...quando era pequena desmanchei um rádio e voltei a pôr tudo no sitio...bom sobraram algumas peças e o rádio não voltou a funcionar nitidamente mas ainda fazia ffffffgggggiiiiiii todo fanhoso!
- Não é preciso obrigado!

O sinal abriu e eu continuei a acompanhá-lo.
- Mas veja lá! Olhe que eu já montei um portão daqueles de segurança para o meu puto não se armar aos cucos!
Ele sorriu já sem dizer palavra.
-E puzzles? Sabe lá a quantidade de puzzles que eu já fiz...pfffff...às carradas...pelos menos uns 3 diferentes...só que, atenção, várias vezes cada um...!

Ele parou e eu parei à frente dele.

- Isso não é assim, está a pôr ao contrário!
Ele sorriu mais uma vez mas não me passou aquilo...e eu continuei...
- Ahhhhhh sabe o que é o cubo mágico?
Ele sorriu (mas um daqueles sorrisos em que sai um bafo de ar pelas narinas de como quem diz: calha-me cada um na rifa...mas eu não fiz caso) e acenou positivamente.

- Pois é meu caro...eu era imparável com o cubo mágico...assim que agarrava num...fazia num instatinho uma das faces...aquilo tinha quantas?...ora era um cubo deixa cá fazer contas 4 vezes 4 menos 10....hummm....ahhhhhh...hummm...bem não interessa...fazia uma e era uma alegria...por isso está a ver...posso muito bem encaixar-lhe isso sem problemas!

- Não obrigada! A senhora vai para onde?
-Eu vou ali para cima.
- Eu vou para baixo. Obrigado!


Pffffff...e foi-se embora com a peça por encaixar. Nabo! Punha-lhe aquilo num instantinho!

Mas fez-me bem aquele pequeno qui pro quo (que foi mais qui do que quo), fiquei sarada e recomposta!

2 comentários:

  1. ahahahah

    Gostei bastante da parte em k ele lhe pergunta "Vai para onde?" ahahahahha
    Nunca tinha pensado nessa maneira de fugir.... ahahahha
    esta deu-me vontade de rir ahahahahahha

    ResponderEliminar
  2. Eu nem percebi porquê...a conversa estava a correr tão bem ;))

    ResponderEliminar